Imperfeições

Certo dia ouvi uma artista dizendo que a perfeição era chata e que ao produzir suas obras considerava sempre a imperfeição e isto, por mais que possa parecer obvio, sendo colocado assim, foi como se eu refizesse toda uma trajetória de tentativas, em vão, de uma busca incessante pelo impossível e tive uma compreensão do quão frustrante foi a manutenção de insistir em só fazer algo, pressupondo a perfeição.

Esta reflexão me levou a recolocar que a busca por centrar a excelência (o que quer que isto signifique…) como via única na produção artística, já pode ser colocada de saída fracassada.

Incluir a imperfeição no processo artístico me soou tão psicanalítico, pois não é isso que em um processo de análise batalhamos para incluir? A falta, a imprecisão, o falar equivocado, o caminhar descompassado, o aperto no peito…, ou seja, o que aponta para a existência de um sujeito naquilo que pode parecer desajustado a normas e imposições moralizantes?

A construção artística a partir de um esboço rascunhado, torto foi a primeira tentativa de sair da inércia…

Existe um exercício estético em ouvir o belo naquilo que é dito. Há tanta beleza em acompanhar uma análise, foi a partir disto e de minha própria análise que ganhei uma licença para estranhar, para me deixar causar pela estranheza naquilo que ouço, acompanho e me interesso.

Seguimos…

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

2 + dezesseis =